quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dia 15 de Abril - Exposição em cartaz

Resiliências
Um processo criativo resiliênte, onde cada resultado, obra, acontece como resultado de re-equilibração entre emoção e razão. Assim como o próprio fazer artístico é uma maneira de sobreviver e dar vazão às tensões produzidas pela vida contemporânea. A exploração do traço inconsciente, espontâneo, liberto de qualquer censor da razão, no primeiro momento, mas logo em seguida retrabalhado pelos valores da geografia estética, compreendendo a linha e se compreendendo, no momento fugaz, liberado pela energia criativa inicial. Inventando tensões surgidas espontaneamente, mas reflexos das que realmente existem. E sufocando-as, destensionando-as pela decoração de variedades de grafismo e ilusões de texturas intencionais. Destensionando as de fato vividas no dia a dia. Tornando-nos pessoas com capacidade de adapatação ao meio muitas vezes hostíl e adverso dessa selva de pedra desumana,violenta, desurbana, sem perdemos a essência à que viemos.
Além dos desenhos mais uma série de obras que brinca com conceitos estéticos e história da arte.

domingo, 14 de março de 2010

GLAUCO VILAS BOAS

Essa morte besta e absurda, aliás, inominável, que nos levou a perder o nosso grande cartunista Glauco. Lembro-me nos anos 70 de sua figura sempre presente no nosso meio artístico, com aquele jeitão que era muito nosso jeito de ser na época, com cabelos compridos, barba, bolsa a tiracolo, sandálias, estilão meio hippie. Certo dia levou-me à sua casa, junto ao seu irmão Orlando, para mostrar-me sua produção, criando uma charge ali na minha frente, olhou uma manchete de jornal e em apenas alguns poucos minutos fez uma charge em atitude brincalhona, tripudiando com o assunto exposto do jornal.


Às vezes nos encontrávamos em algumas exposições e no Salão de Humor de Piracicaba, tendo-o freqüentado desde a sua primeira versão em 1974, sempre fazendo companhia ao Washington Lopes, que enviava o seu cartum para concorrer todos os anos. Eu era só curtidor e como se diz, estava ali para dar "apoio moral" o meu negocio era pintura e desenho (não cartum). Foi motivo de muita alegria quando Glauco foi premiado no IV Salão para os nossos loucos da cidade.

Em 1977 tendo em minhas mãos o espaço de uma lanchonete, no centro de Ribeirão Preto, montei um espaço cultural para exposições, com todo apoio da Secretaria da Cultura, pelas mãos do saudoso professor Antonio Palocci, que se prontificou a nos atender em tudo que precisasse. Como já relatei antes nesse espaço as referencias da exposição de John Howard nessa "galeria", fizemos também uma dos cartunistas da cidade: Glauco, Pelicano e Washington, intitulada como "Exposição de Humor", que foi um sucesso e inovadora também, pois nunca ninguem havia feito uma exposição de cartuns antes. Glauco acabava de ganhar o IV Salão de Piracicaba naqueles dias. Nessa época o pessoal daqui batalhava muito para conseguir publicar suas tirinhas de quadrinhos e charges nos jornais da cidade, existia certa resistência local, davam preferência aos que vinham de fora, já consagrados. Glauco foi pra fora e se consagrou. Aliás, santo da casa não faz milagre.

Ao ver a noticia ontem me senti muito triste e emocionado, pois Glauco era assim daqueles caras puro de coração e como disse Bernardo Ajzemberg hoje na Folha de São Paulo, “Seu olhar era sempre sorridente, infantil”. Sem contar que seu talento dificilmente será superado.




sábado, 27 de fevereiro de 2010

DIA DO IMIGRANTE ITALIANO

Dia 20 de Fevereiro, sábado passado, foi assinado no palco do Teatro Municipal pela nossa Prefeita Darci Vera, a Lei que cria a comemoração de o  "Dia do Imigrante Italiano", dia 21 de fevereiro. Dentro do calendário cultural de nossa cidade, abrindo espaço para festejar assim a memória de nossos antepassados. Ficando junto ao Festival Tanabata como referencias às origens da formação de nossa gente. No evento teve apresentações de dança e teatro do Grupo Folk da Sociedade Dante Aligheri e a exposição no hall de entrada do artista Francesco Segneri, que conta pelas figuras de suas telas um pouco dessa história, sofrida e bem sucedida, que nos diz muito a respeito. 
Parabéns aos participantes do evento e a Prefeita Dárci Vera e ao Vereador Coraucci pela iniciativa

Ma che bella polenta!

Cheiro de caipirinha no ar!

Obra terminada hoje da aluna Semiramis Melo que usou como referência fotos de Guarujá, visto pela praia de Pitangueiras. Teve aluno que sentiu o cheiro de caipirinha no ar quando olhou o quadro. Interpretou com originalidade um dia ensolardo de verão com a praia cheia. Ai que vontade de estar lá!
Como esta por ai Alice?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Francisco Amêndola

Consegui enfim, para meu acervo pessoal, uma obra de Francisco Amêndola. Lembro-me desta obra exposta numa grande exposição promovida por Pedro Manuel Gismondi no Shopping Ribeirão em 1984. Na época troquei meu quadro, que participava também desta exposição, com o quadro de Pedro Manuel que guardo comigo até hoje. Caindo agora na minha mão esta de Amêndola, que na época criou a série dos "Cortadores de Cana", a partir da captação da imagem de sua câmera. Aliás este quadro é uma foto trabalhada com tinta por cima. Por muito tempo Amêndola se equilibrou em um fio muito tênue entre o fotografo e o artista plástico. Nessa série de "Cortadores de Cana" tenta fundir os dois artistas. Hoje essas diferenças não existem mais, pois os artistas contemporâneos cruzam linguagens e suportes, formando novas formas de expressão, na maioria das vezes hibrida.

Obs: Assinatura abaixo à direita

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Pirogravuras

Através do Facebook, com a Maria Cristina, colega de escola, dos tempos de "Otoniel Mota" consegui resgatar fotos de uma pirogravura de julho 1970 conforme datado na foto do verso aqui ao lado. Eu não tinha nenhuma referência dessa época, nem trabalhos nem fotos.
O nome inventado, estranhamente, "Desinteiro" faz referências às coisas no mundo, que estão em permanente processo de realização, de criação, estando, portanto, sempre em mudança, não completas, não inteiras, ou como o titulo coloca "desinteiras". O quadro mostra uma casa, a qual não aparece por completo na cena; um rosto na janela, pela metade; uma figura passando, que só se vê um pedaço da cabeça; uma veneziana da janela incompleta e a outra parte faltando um pedaço da madeira; uma árvore no primeiro plano que não aparece nem o tronco nem a copa inteiros; telhados que insinua-se só algumas partes; mesmo o reboco da casa falta alguns pedaços; dentro da casa uma porta interna só mostra um pedaço. Talvez o tema do casal esteja sugerindo um tempo que escapa sem se completar.

Obs: Há algum tempo atrás consegui uma foto de um outro trabalho dessa época, mas numa das formatações do computador se perdeu. Por isso que é bom essa historia de Blog. Ninguém vai formatar o site, né?!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Auto-retrato como Rapaz - Re-eu-mbrandt Van Rijn

Releitura da técnica e da pasticidade do claro-escuro de Rembrandt.
Baseado no "Auto-Retrato como Rapaz" de Rembrandt datado de 1683 - Pinacoteca de Munique


















Busquei fotos inda quando rapaz, e, misturando uma coisa com a outra

que feio


Sobrou isso

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Panorama Mesdag

Em 1881 é inaugurado um painel por Hendrik Willem Mesdag,  que estrapola o convencional, onde a pintura da areia da praia pintada na tela se encontra com as areias de verdade do cenário do Panorama Mesdag.
Quem poderia imaginar o espirito da "Arte Contemporânea" há 130 anos atrás. Um trompe l' oeil gigantesco montado em 360° onde o espectador se posiciona ao centro de um terreno falso montado com areia, fiapos de capim e alguns apetrechos esquecidos ao acaso, que vão de encontro com uma tela de 14,5 metros de altura por 114,5 metros de comprimento esticada para uma visão de  360°.
Fantástico! Acesse o site do próprio "Panorama" que se encontra no museu com nome do autor

http://www.panorama-mesdag.com/#pagina=849

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Diálogos do olhar ou histórias da Máscara e da Fantasia

                                             copyright Miguel Angelo Barbosa


Entre duas per sonas

Tudo que sai da boca é permitido
Mas os olhos só filtra o verdadeiro
Para a luz do mundo

O diálogo com os olhos de alguém...
Atrás das mais remotas regiões do deserto do ser.
A verdade escondida, 
sofrida ou não,
chorada ou feliz.
Guardada na escuridão.
Projetada com luz ou opacidade.
Nesses mesmos olhos que projetam também

Para dentro, 
Bem para dentro
Para a selva do ser,
A existência das coisas 
E a essência das pessoas
As quais toco e acredito,
As vezes me engano
Por ser ilusão
Produzida na Fábrica da Realidade
Que me fornecem as Máscaras,
 das "PALAVRAS".
Ou já escondidas aqui dentro,
nas FANTASIAS do meu coração.
E com essas diferenças 
vamos vivendo:
No silêncio, das FANTASIAS,
Ao grito, das MÁSCARAS...
E nos lampejos, do OLHAR!

Miguel Angelo Barbosa

Olho para esse novo desenho que transformei numa pintura e começo a viajar ao tentar entender o que o casal esta conversando. Rsss

domingo, 24 de janeiro de 2010

A verdadeira ARTE é invendável por mais preço que consiga, pois estará sempre ligada umbilicalmente pelo estilo e história, ao seu criador.

Observem em tamamho grande que bela foto que ficou esta que tirei da Praça Sete
clique em cima

Acho que só agora que caiu a minha ficha
Ficava questionando o porquê de ter-me afastado das exposições domingueiras na Galeria a Céu Aberto. A qual muito trabalhei para fazê-la acontecer. Uma das coisas que sempre defendi é que o artista deve estar onde o povo está. Talvez por causa de posições que eu manifestava em relação a Arte e a interferência publica que o artista poderia fazer através dela, numa busca da mudança de cultura e status quo do publico, fazendo-o pensar e se envolver com valores abstratos, subjetivos, não materiais, por isso o Amêndola dizia que eu era um artista engajado. Na época não entendia bem o porquê de dizer isto.
Comecemos lá atrás:
Quando o Leopoldo levava suas obras para a praça XV e amarrava um arame de uma árvore na outra e lá montava seu famoso "varal", ficava empolgadíssimo com a idéia, imitando-o em sua ausência varias vezes, era ainda quase um menino.
Hoje, os autores de arte contemporânea chamariam a isso de Intervenção Urbana. É isso mesmo, Leopoldo já fazia intervenções urbana artística naquela época, entre duas árvores, as vezes três. Cercando a passagem com seus quadros, forçando os afobados terem que parar e olhar a cidade de outra maneira, de repente com uma galeria, a sua frente, à céu aberto. Alguns, não tinham jeito mesmo, mais estressados trombavam, passavam por baixo. Leopoldo ficava sentado no banco da praça observando e dando risada para os acontecimentos diante seu quadros. Às vezes, muito inspirado, aprontava alguma arruaça com os pedestres.
Para uma Ribeirão Preto da época quase provinciana, era uma novidade aos quatro ventos. Onde mais tinha arte aqui? (Só depois de muito tempo surgiu o espaço do Centro Médico para exposição). Leopoldo formava e alimentava toda uma nova geração de amantes da arte, sem pretender, aliás, eu fui apenas um deles. Era Arte pela Arte.
- Quero comprar aquele quadro. Quanto é?
- Não vendo! Era sempre esta a resposta de Leopoldo.
Arte pela arte, não arte para comércio. E assim fui crescendo vendo suas várias maneiras de interagir com o publico e intervir no cotidiano urbano. Situações notáveis como:
- É esse que quer comprar?
– É!
Foi até na sarjeta e quebrou-o
– E agora? Quer compra ainda?
– Aí não!
– Mas é o mesmo quadro!
Em outro momento, num acesso de doidera, quebrou uma leva deles e pois fogo em outros. Expos o resultado de sua fúria, deixando todo mundo escandalizado. Inclusive eu. Fui até à praça não estava mais lá. Corri à sua casa e lá estava ele restaurando um por um meticulosamente, com maestria recompunha pedaço por pedaço, num quebra cabeça enorme. Daí uns dias para surpresa de todos lá estavam expostos na praça, todos inteiros de novo, intactos, como num passe de mágica.

Um bom período após essa época começamos a encontrar alguns amigos artistas com o propósito de expor e pintar na praça, começamos a fazê-lo na Praça da Catedral a convite do pessoal do artesanato. Não vingou, fomos umas duas vezes e encerrou,sentíamos estranhos ao lugar. Começamos então a trabalhar com um grupo maior para conseguir a Praça Sete, a Secretaria da Cultura ofereceu-nos inicialmente a Praça Camões, onde por alguns meses pintávamos e expunhamos nossas obras. Até que por fim, atendendo aos nossos pedidos, oficializaram a “Galeria á Céu Aberto”. Passados alguns poucos meses, comecei a sentir algo estranho no ar: o pessoal falando só em vender...que vendeu...que deixou de vender...Os assuntos não eram sobre Arte, troca de experiência ou coisas assim. De repente olhei para meus trabalhos nos cavaletes e alguns apoiados no chão, as pessoas passando, olhando, perguntando preço, olhando as obras como mercadorias. Uma cara de feirinha de arte. Pensei no meu passado da Praça XV, o que estava acontecendo não era o que queria. Inicialmente, até pela novidade e o impacto, foi até uma intervenção cultural urbana, mas logo em seguida os artistas caíram nas armadilhas do publico comprador, que faziam tipo de um leilão invertido de um artista para o outro. Quem vendesse por menos conseguia comprador. Abandonei e não retornei mais. Não batia mais com os meus objetivos.
Assisto agora ao pessoal retornado às atividades de exposição na Praça Sete, aconselho que não caiam nas mesmas armadilhas de sempre. Se visarem só o preço não alcançarão “valor”.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Museu Casa de Portinari versão cubista Miguel Angelo

Em setembro convidaram-nos para pintar em frente ao Museu Casa de Portinari. Compareceram: Rufato, Francesco, Pombinho e eu, que me lembre. Com o tempo precario e muita ventania, deixei pronto um esboço conforme fotografia a esquerda abaixo, terminando no ateliê conforme figura abaixo da direita.



Obs: Portinari também era um pintor com influências do cubismo

Pintura Abstrata.....Mesa 2010

A pintura da mesa de mogno neste ano resolvi deixá-la abstrata, não decorativa como os outros anos, Pensei em acelerar o processo, mesmo sabendo que ela vai abstraindo -se ao acaso.



vista de cima da mesa

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pintura abstrata, digo...concreta (quarta)

Para entender melhor esta postagem comece pelo mesmo titulo, quatro postagens abaixo:

Na postagem anterior foram criados no ateliê os ETzinhos nos encostos (espaldar) das cadeiras, mas no acento de cada um tinha o mapa astral da Galaxia que ele partiram, querem ver!






Pintura abstrata, digo...concreta (terceira)

Para entender melhor essa postagem é melhor começar pela publicado ontem (duas abaixo), depois a II de mesmo titulo e agora essa.

Não pudia imaginar que o "Artista Ateliê" gostava de pintar criaturas de outros planetas.

Resolvi trocar os asssentos e encostos das cadeiras do ateliê depois de oito anos de uso. Comprei os novos, preferi a cor vermelha para energizar o espaço. Ao retirar os antigos e colocar os novos eis o que descubro:

Cabeças de ETsinhos

olhem este chorando


este tem um machucado



este sorri


e este veio em missão de paz




Judiação! Todos abandonados no chão prontos para serem enxotados do Planeta Ateliê

Pintura abstrata, digo...concreta (segunda)

Para melhor entendimento desta postagem é melhor ler a anterior,de ontem(abaixo). Essa é continuação

Depois de verem o "Artista Ateliê" com sua obra abstrata sobre suporte banqueta, agora vou mostrar a obra do mesmo artista sobre suporte mesa.
Todo ano pinto o tampo da mesa de mogno que tenho no ateliê, antes de pintar novamente em 2010, fotografei-a para achar suas obras. Abaixo, ela fotografada de cima, por inteira.



Agora vejam as obras de arte abstrata das partes:






Quem pintou-as?
O "Ateliê"! Essas Obras foram realizadas com as seguintes materias primas: Tempo, Materiais, Espaço, Acaso, Ação anônima do homem.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pintura abstrata, digo...concreta (primeira)

Leonardo da Vinci procurava nas formas orgânicas abstratas ligações com as formas do mundo perceptível a sua volta - Kandinsky procurava nas formas abstratas pontes com a espiritualidade e com a musica - Klee transcendia as formas abstratas e a realidade num outro universo supra real, reiventado por seus conceitos abstratos - Malevich queria definitivamente que a pintura nada tivesse a ver com a realidade procurando o purismo estético contra a arte aplicada ou naturalística.
Os artistas contemporâneos buscam a matéria como forma de expressão em si mesma, pois o universo semiótico que nos envolve no espaço urbano tornou-se denso e intransponível, já que os matériais e objetos com os quais nos inter-relacionamos a todo momento, são de natureza totalmente reconstruida para o modus vivendi da sociedade e carregados de conceitos práticos e subjetivos formados culturalmente há séculos e renovados diariamente. Da natureza original nos distanciamos muito.
A matéria! Que matéria? Os limites da terra e a intimidade das matérias já conhecemos e transformamos em materiais e objetos para nos servir, formando novos conceitos de viver e interagir. Fazendo nossa cultura humana modificar continuamente.
Nada escapa da arte:
Comecei a descobrir que meu ateliê cria uma arte, autonoma, diariamente, as relações do tempo, material e espaço ficam impressas em obras que de repente acho-as prontas (ready –made). Vejam por exemplo esta abaixo:


Linda obra abstrata! Não?

Mas não passa sabe do quê?



De um banquinho que tenho por ali, o qual esta sempre sendo usado para suporte de materiais, como também apoio para fazer alguma pintura em outros suportes e de vez em quando sentar-se, também
copyright by Miguel Angelo Barbosa

sábado, 9 de janeiro de 2010

Encontros Felizes - Blog x Blog

Acessem: http://mafrosa.zip.net/arch2010-01-01_2010-01-31.html#2010_01-07_21_11_46-2791322-0
e encontrem o que encontrei, transcrevo abaixo:


Alinhavando letras - blog de Alice

07/01/10

Amigos, sempre amigos

O amigo novo é como um vinho novo. Deixe que envelheça um pouco. Então beba-o com deleite...

Há dias surpreendentes em nossa vida.

Esta tarde recebi o telefonema de uma amiga – muito querida. Ficamos uns quinze anos sem nos vermos.

Um belo dia esse colosso chamado Internet a trouxe para dentro de minha casa. Cliquei, chamei e era ela. Que beleza. Passado um tempinho ela foi me visitar, passamos um dia juntas. Não parecia ter havido tamanha separação. Mas depois tudo se complicou e lá se vão uns três a quatro anos sem no encontrarmos – isto pessoalmente, pois no espaço virtual sempre nos falamos.

Hoje ela me liga, está em férias no Guaru e virá amanhã em minha casa. Quanta alegria! Como é bom ter esses reencontros. Aí até concordo com o pássaro de Ruben Alves: a saudade encantada compensa a dor da distância.

Agora à noite, resolvo dar uma navegadinha, recebo um e-mail de uma galeria de artes e ao ver as gravuras vem-me à mente um amigo de muitos, muitos anos atrás, colega de colegial, artista plástico.

Sempre ligada às artes, cultivei a música como a flor rara da alegria, a literatura como a amizade fiel das horas difíceis ou solitárias, e as artes plásticas como o horizonte do alumbramento.

E desde muito cedo estudava – por conta própria, as escolas, as tendências, e elegi Miguel Angelo Buonarroti como meu predileto.

Um dia descubro que tem um Miguel Ângelo em minha sala de escola. Não era Buonarroti, era Barbosa. Perguntei-lhe no primeiro momento em que o conheci, se ele pintava. A resposta foi positiva. Achei que era gozação. Para provar mostrou-me seus quadros. Admirei. Tornamo-nos grandes amigos.


Um dia a vida se encarregou de afastar nossos caminhos. Nunca mais o vi. Hoje o encontrei aqui. Andei encantada por seu blog, vi seus quadros, sua evolução na pintura, a explosão de arte de uma alma predestinada.



Quem sabe se na próxima ida a Ribeirão Preto eu consigo encontrá-lo...



Dois reencontros em um mesmo dia. Este ano começa muito bem...

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

CLICK



Ninguém poderia imaginar naquele momento do clic, posando para esta foto, a extensão da vida. Nem era para estar, pois estava sendo vivida. Mas eu agora depois de mais ou menos uns 43, 44 anos que estou aqui de frente dela tentando desenhar cada uma das figuras, num exercício cerebral para decorar as feições e expressões facias, buscando captar cada traço, cada sombra, cada volume, com meu lápis. Fico pensando então em cada um a medida que vou riscando o papel:
Ao fazer o bigode escovinha e os óculos de meu pai, bem ao centro da foto, tentando encaixar o sorriso que estava na foto, fiquei imaginando quanto feliz era com essa sua família, apesar de todos os sofrimentos; a Léia, minha cunhada, logo ao seu lado, esta lá, mocinha ainda, sorridente, com seu cabelo amarrado, a vida, talvez, parecia-lhe boa ali ao nosso lado; a minha mãe logo em seguida a ela indo para a direita, com um sorriso altivo e o olhar confiante em todos; meu irmão David, logo abaixo do meu pai, ao meu lado, com seu sorriso matreiro de moleque danado que maliciava rápido as coisas, diferente de mim, que estou à direita em baixo, pareço com o olhar benevolente e singelo; a esquerda de meu pai esta minha irmã Marta com seu ar responsável e um sorriso um pouco nervoso; e por fim minha irmã Maria, meninona ainda com um sorriso tímido, mas sincero de alguém que nesse momento sorri para dentro também.
A porta de vidro aberta atrás de nós, entrada da casa onde ficaram tantas recordações de um tempo que se foi. Deixando a lembrança carinhosa da minha infância. Se não fosse o clic que registrou essa imagem, roubando assim, um lapso de segundo do passado para entregar-nos no presente. 
A imaginação sem a imagem, desse tempo, guardada na memória, seria só de vultos quase apagados, sombrios, distantes. Com o auxilio de um lápis tento trazê-lo de volta, resgatando um pouquinho ao desenhar, a alegria daquele raio de sol que nos cingia num dia de céu muito azul, escritos nos brilhos de nossas faces de então.