sábado, 20 de junho de 2009

O FEIO NA ARTE, O BONITINHO NO ARTESANATO

A Arte não deve ser bela, mas expressiva. A obrigação com a beleza é do Artesanato. Por isso quando alguém tenta criar alguma coisa com o objetivo em só deixar bonito e decorativo esta fazendo um artesanato, mesmo que esteja pintando um quadro, ou entalhando uma escultura. Como por exemplo, que existe muito hoje em dia, de combinar um borratelismo* com a cor do sofá
O feio na arte é o tema mal resolvido, quando o tema não condiz com o tratamento plastico e vice-versa. Onde a relação entre a denotação e a conotação não correspondem , não se localizando o objeto expressivo, é como pintar uma neblina com muito contraste. O tratamento plastico expressivo não condiz com o tema ou é mal trabalhado. Essas revistas que ensina a pintar tem muito disso.

Obs:* borratelismo: palavra deboche de pintores que borram de varias cores a tela para decorar espaços.
Miguel Angelo Barbosa

2 comentários:

  1. Gostei deste parecer :"A Arte não deve ser bela,MAS EXPRESSIVA " !

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  2. Marcos Antonio Moreira19 de março de 2011 às 00:43

    Caro Miguel,

    Concordo inteiramente com você quando diz que a arte deve ser expressiva. Sempre entendi e, mais que isso, sempre senti, que o maior atributo da arte é a expressividade. E isto porque, na minha modesta opinião, tal qualidade é a manifestação mais profunda da emoção, do sentimento e, por quê não?, da própria alma do artista. Uma obra pode até ser esteticamente bela, mas se não for expressiva, não terá o condão de comunicar ao espectador a força da mensagem que o artista, no caso, não teve ou não soube expressar. Em sentido contrário, se o trabalho for expressivo, ainda que não visualmente belo, estará, creio eu, cumprido aquele superior objetivo.

    Mas, Miguel, se você me permite - você que é realmente um mestre na genuína acepção da palavra, e eu apenas um esforçado aprendiz - embora eu, por conhecer o seu pensamento, entenda o que você quis dizer, é preciso, "data venia", refletir um pouco sobre a sua assertiva de que "a arte não deve ser bela".Para quem não conhece o seu modo de pensar a respeito, ou, eventualmente, não esteja familiarizado com a profundidade da questã estética, aquela afirmação pode soar estranha. Afinal de contas, o belo - corrija-me se estiver errado - é a busca prioritária da expressão humana em todas as suas manifestações, especialmente no fazer artístico. Por evidente, ninguém busca fazer o "feio". Portanto, para que aquela asserção não pareça "estranha" ou contraditória, parece-me recomendável, ou até mesmo necessária, uma reflexão do que venha a ser a beleza na manifestação artística. Não tenho, confesso, praticamente nenhuma autoridade para comentar sobre tema tão complexo e profundo, embora aparentemente simples (só aparentemente). Primeiro porque a noção de beleza é essencialmente relativa: o que é belo para alguns pode não ser para outros. MAIS IMPORTANTE que isso, porém, é considerar que a beleza não deva ser captada, percebida ou sentida em seu aspecto apenas visual, externo,à tona, ou seja, naquilo que se nos apresenta tão-somente ao sentido da visão, mas, primordialmente, no aspecto intrínseco, na profundidade, naquilo que muitas vezes não aparece na superficie (de uma pintura, uma escultura ou qualquer outra manifestação artística), mas que é percebido, captado e, especialmente, sentido pela emoção e pela afinidade vibracional do espectador com a obra, estabelecendo-se, assim, uma ponte inquebrantável entre a forma de expressar do artista e a forma de asssimilar de quem tenha contato com a obra. Enfim, às vezes as obras são "bonitinhas, mas ordinárias" (uso "ordinárias" aqui, respeitosamente, no sentido de "normais"). E, outras vezes, são visualmente "feias", mas expressivas e, portanto, belas (na esteira do conceito que procurei externar acima). Há uma infinidade de exemplos - que você e muitos conhecem -, mas costumo citar, entre outros trabalhos, as famosas gravuras de Goya sobre a inquisição e as suas consagradas "pinturas negras". Não se pode negar que, no ASPECTO EXTERNO, são horríveis (pois que era exatamente isto que o gênio espanhol queria expressar), mas, ARTISTICAMENTE, são DESCONCERTANTEMENTE BELAS. É porque são expressivas? Sim, são extremamente expressivas. Mas não é só: são também INTRINSECAMENTE BELAS. Permita-me insistir: a arte pode até ser expressiva, mas só esta qualidade não a torna artisticamente superior ou genuinamente artística. É mistér que ela seja também bela naquilo que o autor extraiu de mais profundo do seu ser (aliado, naturalmente, às imprescindíveis, mas não superiores, qualidades técnicas). Aí então - e só então -, com estas duas qualidades umbilicalmente unidas, o trabalho poderá ser considerado uma obra de arte no seu sentido mais nobre,mais genuíno, mais profundo e representativo da mais alta expressão dos atributos do ser humano.

    Um grande abraço,
    Do amigo Marcos Moreira

    Um grande abraço,

    Do amigo Marcos Moreira.

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