Mostrando postagens com marcador Cultura em Ribeirão Preto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cultura em Ribeirão Preto. Mostrar todas as postagens

sábado, 13 de novembro de 2010

QUAL O SENTIDO DE “SALÃO?

Transcrevo aqui a manifestação sobre o SABBART de Stella Mello, membro da comissão organizadora do SABBART - Salão Brasileiro de Belas Artes - Ribeirão Preto por muitos anos. Devo dizer que senti isto também, uma vontade oficial de acabar com esse Salão. Pode ser acadêmico ou o que for, mas tirar qualquer coisa da cultura da cidade, que já é tão pobre e pouca, sempre discordarei. Discutir, aprimorar, melhorar, transformar, sim. Outras alternativas, não. Segue abaixo o texto:

QUAL O SENTIDO DE “SALÃO?”
O salão Brasileiro de Belas Artes- SABBART - na sua décima nona edição, está confinado a um canto, literalmente isolado do Salão Principal da Casa da Cultura, em um reservado, cujo patrono, Leonello Berti, artista moderno falecido, teve suas obras doadas à Secretaria da Cultura, com o compromisso de mantê-las em uma sala permanente. Este compromisso tem sido difícil, praticamente impossível de ser mantido, pela pequenez dos espaços destinados à Arte. Igualmente recebido pela Secretaria, em doação, o acêrvo da artista acadêmica falecida, Nair Opromolla de Araújo, ex-diretora da Escola de Belas Artes de São Paulo, com o mesmo compromisso de mantê-lo permanentemente exposto. Se o SABBART precisava ficar em um espaço “resguardado” de intempéries, que ficasse, então, sob os auspícios da artista Acadêmica!
Como artista plástica e membro da Comissão Organizadora do citado Salão durante 18 anos, meu interesse aqui é resguardar a integridade do SABBART, Salão que foi criado por Decreto, e que vem, de ano para ano tendo reduzido o número de obras expostas, não por falta de obras ou de qualidade delas, mas por falta de espaço!!! (Por causa de chuvas???) Esse acontecimento, apesar do VALOR do Prêmio, está desprestigiando, de maneira acintosa, os próprios artistas.
Luzia Stella Dias Carneiro de Souza e Mello, bacharel em Direito, artista plástica, escritora, membro da Academia Ribeirãopretana de Letras, membro da Comissão Organizadora do SABBART de 1991 / 1995 e sua Vice-presidenta de 1996 / 2009.
Ribeirão Preto,07 de novembro de 2010

sábado, 27 de fevereiro de 2010

DIA DO IMIGRANTE ITALIANO

Dia 20 de Fevereiro, sábado passado, foi assinado no palco do Teatro Municipal pela nossa Prefeita Darci Vera, a Lei que cria a comemoração de o  "Dia do Imigrante Italiano", dia 21 de fevereiro. Dentro do calendário cultural de nossa cidade, abrindo espaço para festejar assim a memória de nossos antepassados. Ficando junto ao Festival Tanabata como referencias às origens da formação de nossa gente. No evento teve apresentações de dança e teatro do Grupo Folk da Sociedade Dante Aligheri e a exposição no hall de entrada do artista Francesco Segneri, que conta pelas figuras de suas telas um pouco dessa história, sofrida e bem sucedida, que nos diz muito a respeito. 
Parabéns aos participantes do evento e a Prefeita Dárci Vera e ao Vereador Coraucci pela iniciativa

Ma che bella polenta!

domingo, 24 de janeiro de 2010

A verdadeira ARTE é invendável por mais preço que consiga, pois estará sempre ligada umbilicalmente pelo estilo e história, ao seu criador.

Observem em tamamho grande que bela foto que ficou esta que tirei da Praça Sete
clique em cima

Acho que só agora que caiu a minha ficha
Ficava questionando o porquê de ter-me afastado das exposições domingueiras na Galeria a Céu Aberto. A qual muito trabalhei para fazê-la acontecer. Uma das coisas que sempre defendi é que o artista deve estar onde o povo está. Talvez por causa de posições que eu manifestava em relação a Arte e a interferência publica que o artista poderia fazer através dela, numa busca da mudança de cultura e status quo do publico, fazendo-o pensar e se envolver com valores abstratos, subjetivos, não materiais, por isso o Amêndola dizia que eu era um artista engajado. Na época não entendia bem o porquê de dizer isto.
Comecemos lá atrás:
Quando o Leopoldo levava suas obras para a praça XV e amarrava um arame de uma árvore na outra e lá montava seu famoso "varal", ficava empolgadíssimo com a idéia, imitando-o em sua ausência varias vezes, era ainda quase um menino.
Hoje, os autores de arte contemporânea chamariam a isso de Intervenção Urbana. É isso mesmo, Leopoldo já fazia intervenções urbana artística naquela época, entre duas árvores, as vezes três. Cercando a passagem com seus quadros, forçando os afobados terem que parar e olhar a cidade de outra maneira, de repente com uma galeria, a sua frente, à céu aberto. Alguns, não tinham jeito mesmo, mais estressados trombavam, passavam por baixo. Leopoldo ficava sentado no banco da praça observando e dando risada para os acontecimentos diante seu quadros. Às vezes, muito inspirado, aprontava alguma arruaça com os pedestres.
Para uma Ribeirão Preto da época quase provinciana, era uma novidade aos quatro ventos. Onde mais tinha arte aqui? (Só depois de muito tempo surgiu o espaço do Centro Médico para exposição). Leopoldo formava e alimentava toda uma nova geração de amantes da arte, sem pretender, aliás, eu fui apenas um deles. Era Arte pela Arte.
- Quero comprar aquele quadro. Quanto é?
- Não vendo! Era sempre esta a resposta de Leopoldo.
Arte pela arte, não arte para comércio. E assim fui crescendo vendo suas várias maneiras de interagir com o publico e intervir no cotidiano urbano. Situações notáveis como:
- É esse que quer comprar?
– É!
Foi até na sarjeta e quebrou-o
– E agora? Quer compra ainda?
– Aí não!
– Mas é o mesmo quadro!
Em outro momento, num acesso de doidera, quebrou uma leva deles e pois fogo em outros. Expos o resultado de sua fúria, deixando todo mundo escandalizado. Inclusive eu. Fui até à praça não estava mais lá. Corri à sua casa e lá estava ele restaurando um por um meticulosamente, com maestria recompunha pedaço por pedaço, num quebra cabeça enorme. Daí uns dias para surpresa de todos lá estavam expostos na praça, todos inteiros de novo, intactos, como num passe de mágica.

Um bom período após essa época começamos a encontrar alguns amigos artistas com o propósito de expor e pintar na praça, começamos a fazê-lo na Praça da Catedral a convite do pessoal do artesanato. Não vingou, fomos umas duas vezes e encerrou,sentíamos estranhos ao lugar. Começamos então a trabalhar com um grupo maior para conseguir a Praça Sete, a Secretaria da Cultura ofereceu-nos inicialmente a Praça Camões, onde por alguns meses pintávamos e expunhamos nossas obras. Até que por fim, atendendo aos nossos pedidos, oficializaram a “Galeria á Céu Aberto”. Passados alguns poucos meses, comecei a sentir algo estranho no ar: o pessoal falando só em vender...que vendeu...que deixou de vender...Os assuntos não eram sobre Arte, troca de experiência ou coisas assim. De repente olhei para meus trabalhos nos cavaletes e alguns apoiados no chão, as pessoas passando, olhando, perguntando preço, olhando as obras como mercadorias. Uma cara de feirinha de arte. Pensei no meu passado da Praça XV, o que estava acontecendo não era o que queria. Inicialmente, até pela novidade e o impacto, foi até uma intervenção cultural urbana, mas logo em seguida os artistas caíram nas armadilhas do publico comprador, que faziam tipo de um leilão invertido de um artista para o outro. Quem vendesse por menos conseguia comprador. Abandonei e não retornei mais. Não batia mais com os meus objetivos.
Assisto agora ao pessoal retornado às atividades de exposição na Praça Sete, aconselho que não caiam nas mesmas armadilhas de sempre. Se visarem só o preço não alcançarão “valor”.

terça-feira, 28 de julho de 2009

HEDONÊ





                   
Na rádio Brasiliense (lembram?) tinha um famoso anúncio: "Hedonê: livros, discos, so
ns, imagens, gente da era espacial: Hedonê"
A nossa Hedonê, alias os criadores eram o Fabio e a Candinha (que tornaram-se amigos de muitos de nós), mas era muito nossa também, por ser o ponto Cult de vivencia de grande legião de jovens, era original em tudo.
Até a propaganda era inovadora, deixando-nos uma sensação de futuro, de evolução, de vanguarda. O nome e o logotipo também eram bastantes diferenciados e provocativos.
Nos anos 70 (se não me engano continuou ainda nos anos 80) tivemos na cidade um lugar feliz para cultura de Ribeirão Preto: Hedonê. Lembro-me até hoje de vários amigos que encontrávamos na porta a fim de ouvir os novos lançamentos de discos, ou comprar, ou só bater papo na esquina, e que papos. Era tempo dos hippies, do início do Rock Progressivo como Yes, Genesis, Pink Floyd, Emerson, Lake and Palmer, Rick Wakeman, inicio do heavy metal com Black Sabbath. Lembro-me até hoje do primeiro disco de lançamento desse grupo, com aquele som pesado, assombroso, jamais ouvido, saindo para fora da loja. Mudando todo nosso paradigma de musicalidade. E a cada nova grupo que surgia acontecia uma mudança total em relação ao que pensávamos sobre musica. Apesar de toda essa vanguarda havia espaço reservado também para os compositores clássicos.
A revolução na época não era só na musica, um vento louco passava por tudo, na moda, nos costumes , na sexualidade, na arte, na política.
O figurino era: os cabelos cumpridos; a calça boca de sino, furta-cor ou LEE; camisetas psicodélicas pintadas a mão (fiz muitas delas para vender) ou tingidas depois de amarradas em vários pontos com corda ou barbante e bolsa a tiracolo. Alias, quem atendia atrás do balcão da loja era bem assim, pareciam tirados das capas dos discos de rock em lançamento.
As paredes lotadas com posters preto e branco a venda, que era a coqueluche do momento para decoração dos quartos da juventude da época. Tinha um pôster da Úrsula Andress e um outro da Brigitte Bardot que a moçada babava. Por vezes contratavam o Washington Lopes (tinha outros também) para desenhar na vitrine, no espírito psicodélico da época.
Dados que descobri recentemente: sua inauguração em Ribeirão Preto se deu aos 16 de abril de 1969, a matriz era em São Paulo.
Obs: As fotos foram gentilmente cedidas do acervo do nosso amigo Fabio Martins
Miguel Angelo Barbosa