Na rádio Brasiliense (lembram?) tinha um famoso anúncio: "Hedonê: livros, discos, so
ns, imagens, gente da era espacial: Hedonê"
A nossa Hedonê, alias os criadores eram o Fabio e a Candinha (que tornaram-se amigos de muitos de nós), mas era muito nossa também, por ser o ponto Cult de vivencia de grande legião de jovens, era original em tudo.
Até a propaganda era inovadora, deixando-nos uma sensação de futuro, de evolução, de vanguarda. O nome e o logotipo também eram bastantes diferenciados e provocativos.
Nos anos 70 (se não me engano continuou ainda nos anos 80) tivemos na cidade um lugar feliz para cultura de Ribeirão Preto: Hedonê. Lembro-me até hoje de vários amigos que encontrávamos na porta a fim de ouvir os novos lançamentos de discos, ou comprar, ou só bater papo na esquina, e que papos. Era tempo dos hippies, do início do Rock Progressivo como Yes, Genesis, Pink Floyd, Emerson, Lake and Palmer, Rick Wakeman, inicio do heavy metal com Black Sabbath. Lembro-me até hoje do primeiro disco de lançamento desse grupo, com aquele som pesado, assombroso, jamais ouvido, saindo para fora da loja. Mudando todo nosso paradigma de musicalidade. E a cada nova grupo que surgia acontecia uma mudança total em relação ao que pensávamos sobre musica. Apesar de toda essa vanguarda havia espaço reservado também para os compositores clássicos.
A revolução na época não era só na musica, um vento louco passava por tudo, na moda, nos costumes , na sexualidade, na arte, na política.
O figurino era: os cabelos cumpridos; a calça boca de sino, furta-cor ou LEE; camisetas psicodélicas pintadas a mão (fiz muitas delas para vender) ou tingidas depois de amarradas em vários pontos com corda ou barbante e bolsa a tiracolo. Alias, quem atendia atrás do balcão da loja era bem assim, pareciam tirados das capas dos discos de rock em lançamento.
As paredes lotadas com posters preto e branco a venda, que era a coqueluche do momento para decoração dos quartos da juventude da época. Tinha um pôster da Úrsula Andress e um outro da Brigitte Bardot que a moçada babava. Por vezes contratavam o Washington Lopes (tinha outros também) para desenhar na vitrine, no espírito psicodélico da época.
Dados que descobri recentemente: sua inauguração em Ribeirão Preto se deu aos 16 de abril de 1969, a matriz era em São Paulo.
Obs: As fotos foram gentilmente cedidas do acervo do nosso amigo Fabio Martins
Miguel Angelo Barbosa
Miguel. Após tantos anos de Hedonê, daquela original, tudo mudou. Vertiginosamente. Permanece todavia na alma de alguns, como tu, o que aquele trabalho representou. Representa aliás. Como o demonstras no teu blog. É a sensibilidade do artista, do professor, do brasileiro que és, a estabelecer o elo de vitalidade entre aquelas épocas. E o hoje. Talvez também o amanhã. Decorridos quase 30 anos, Miguel Ângelo sintetiza à geração atual o que existia na Hedonê: vivência. E convivência entre crianças, jovens, adultos. De todas variantes sociais ou culturais. Evidente que tal atitude não nos surpreende. Mas vem à luz com fulgor de raro diamante. Aliás como veio também, um dos melhores trabalhos de Arte, de autoria do Miguel, no transcurso do centenário dos primeiros imigrantes japoneses. E´o artista Miguel Anelo no seu ofício, encargo e missão de iluminar, mentes e corações. Conquista de pois o direito de lhe sermos gratos. De alma e coração. Sempre. Fabio e Candinha
ResponderExcluirOi, Miguel, muiiiito prazer! Imagine que há anos falo e de forma incansável, da Hedonê: ícone, né? nem sei como nominá-la! Era numa esquina, tornada mágica......E lendo Você, cara! ''vi'', direitinho, tudo! Pena que não morasse mais em Ribeirão, eu ia amar ter um poster da B.B.! Mas a Candinha me deu um, espetacular, da Marylin, que até hoje ilumina meu canto. O efetivo, o que ficou..... é maravilhoso! Um dia ainda alguém escreverá sobre, I hope so! Abraços, Porina, São Paulo.
ResponderExcluirQue coisa boa falar com você que viveu as mesmas emoções que a gente nesta esquina magica
ExcluirLER AQUI HOJE FOI MAIS UM , E ESPECIAL, MOMENTO DE MAGICA VOLTA AO PASSADO, OU ABERTURA PARA O PASSADO VIR AO MEU PRESENTE...BELA ANÁLISE CONTESTO SOCIO-CULTURAL-HISTÓRICO-AFETIVO DO ARTISTA E QUERIDO AMIGO MIGUEL ANGELO E DE FÁBIO E MARIA LUIZA. AH ! ME LEMBRO QUE NAQUELA ESQUINA FICAVA UM CARINHA MEIO CABELUDO,, TIPO HIPPYE,( ACHO QUE É ASSIM QUE SE ESCREVE, JÁ FAZ TANTO TEMPO..RS) E SEMPRE ESSE RAPAZOTE, SIC, ESTAVA SENTADO LÁ, EM MINHA MEMÓRIA VISUAL ELE É COMPOSIÇÃO NATURAL DA HEDONÊ.
ResponderExcluirABRAÇOS TALMA
Que delicia de comentário!
ExcluirCom estes comentários vocês me propiciaram uma Viagem... Fui para Ribeirão em 69 e em 70 já era frequentador e cliente da Hedone (as pinturas na vitrine da Loja era uma marca inesquecível).
ResponderExcluirNaquele tempo, cabelos longos e fã do Rock Progressivo (um típico Hippye Brasileiro).
Saudades!!!!!
Abraço a todos.