terça-feira, 28 de julho de 2009

HEDONÊ





                   
Na rádio Brasiliense (lembram?) tinha um famoso anúncio: "Hedonê: livros, discos, so
ns, imagens, gente da era espacial: Hedonê"
A nossa Hedonê, alias os criadores eram o Fabio e a Candinha (que tornaram-se amigos de muitos de nós), mas era muito nossa também, por ser o ponto Cult de vivencia de grande legião de jovens, era original em tudo.
Até a propaganda era inovadora, deixando-nos uma sensação de futuro, de evolução, de vanguarda. O nome e o logotipo também eram bastantes diferenciados e provocativos.
Nos anos 70 (se não me engano continuou ainda nos anos 80) tivemos na cidade um lugar feliz para cultura de Ribeirão Preto: Hedonê. Lembro-me até hoje de vários amigos que encontrávamos na porta a fim de ouvir os novos lançamentos de discos, ou comprar, ou só bater papo na esquina, e que papos. Era tempo dos hippies, do início do Rock Progressivo como Yes, Genesis, Pink Floyd, Emerson, Lake and Palmer, Rick Wakeman, inicio do heavy metal com Black Sabbath. Lembro-me até hoje do primeiro disco de lançamento desse grupo, com aquele som pesado, assombroso, jamais ouvido, saindo para fora da loja. Mudando todo nosso paradigma de musicalidade. E a cada nova grupo que surgia acontecia uma mudança total em relação ao que pensávamos sobre musica. Apesar de toda essa vanguarda havia espaço reservado também para os compositores clássicos.
A revolução na época não era só na musica, um vento louco passava por tudo, na moda, nos costumes , na sexualidade, na arte, na política.
O figurino era: os cabelos cumpridos; a calça boca de sino, furta-cor ou LEE; camisetas psicodélicas pintadas a mão (fiz muitas delas para vender) ou tingidas depois de amarradas em vários pontos com corda ou barbante e bolsa a tiracolo. Alias, quem atendia atrás do balcão da loja era bem assim, pareciam tirados das capas dos discos de rock em lançamento.
As paredes lotadas com posters preto e branco a venda, que era a coqueluche do momento para decoração dos quartos da juventude da época. Tinha um pôster da Úrsula Andress e um outro da Brigitte Bardot que a moçada babava. Por vezes contratavam o Washington Lopes (tinha outros também) para desenhar na vitrine, no espírito psicodélico da época.
Dados que descobri recentemente: sua inauguração em Ribeirão Preto se deu aos 16 de abril de 1969, a matriz era em São Paulo.
Obs: As fotos foram gentilmente cedidas do acervo do nosso amigo Fabio Martins
Miguel Angelo Barbosa

domingo, 26 de julho de 2009

Pintando com a luz


Pintura abstrata geométrica monocromática
Obs: Para ajudar a visualização do real: foto de cima de banqueta de cedro, com assento marcado por circulos de fundo de alguma lata quente, sobre piso, ao fundo, desgastado de vermelhão

sábado, 25 de julho de 2009

Leopoldo Lima


Saudades daquele tempo.
A praça era do povo e o artista estava onde o povo estava. Entre duas arvores surgia a galeria à céu aberto. E quanta gente boa e doida se reunia por ali, só pra lembrar de alguns: Rutherford, Fred, Paulinho Camargo, Mandrake, Baiano (Béé) Pinga Pinga, etc; além da turminha que transitava entre a Hedonê e o Lanchorama.

OBS: Inveja do Mirinho (Waldomiro Sant' Anna) que tem dois quadros do mestre Leopoldo.
Mirinho: Desculpa ai, robei a foto de um, ok. Tá autorizado?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Roberto Correia em exposição


Maria Helena Garrefa e Roberto em exposição
do Ateliê

Roberto e seu processo criativo

Robero Correia, aluno frequentador do Ateliê há muitos anos, tem um processo criativo muito interessante e sui-generis de executar seu trabalho. Se apoia sempre na figura de um "homenzinho" que sempre desenha na mesma sequencia. Hora essa figura é a das notas de dinheiro dos cruzeiros antigos, hora é escravo no tronco, hora é trabalhador de construção civil, etc. Funde primeiro e segundo plano em um só, criando a ilusão de transparencia da vida real, como se tudo não fosse coisas, mas o espirito das coisas. Mas Roberto é assim mesmo, é só espirito nesse mundo, o resto não precisa, se sustenta assim, com seus desenhos e pintura que emerge durante horas a fio, em casa e no ateliê, saindo fora dessa realidade, criando todas abstrações desse mundo. Preenche cadernos e mais cadernos com as imagens mais simbolicas de objetos e situações, construido varios estereotipos de sua maneira de perceber as coisas. As vezes, forma composições abstratas magnificas, mas quando perguntamos para ele o que é, sempre tem um universo semiotico de significados e significantes unicos para nos explicar.














quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lobos - Os Bichos


As cores são vorazes e ensanguentadas, medos inconscientes talvez da infancia, vingança na tela em adulto




Passaro Ferido - Os Bichos


Despencou do céu e despedaçou na terra. É possivel ? Se fosse um avião...
Obs: Esse painel era grande, mais de 3 m de largura

Bicho esquisito - Os Bichos


Algo cômico que vem da união das cores e linhas e forma uma imagem bizarra

Decomposição bovina - Os Bichos


Uma "Composição Bucolica" seria mais bonito, mas tem que ter alguem para fazer o contrario

Ritmo Cavalgadura


As cores galopam em cima das linhas

Galinaceos - Os Bichos


 CASAL DE GALINACEOS 

Cachorro Alado - Os Bichos


No turbilhão de tintas atiradas na tela surge um cachorro alado, que abana o rabo, rimou!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lindoneia viajando no espaço


Por falar em viagem essa saiu do espelho do Gerchman, cantada por Caetano Veloso, só que esta foi para o espaço em viagem interestelar.
Viajei nesta obra!!!
Obs: O Gerchman conheceu-a

Cavaleiros alienigenas


Abstrato misterioso, figuras surgidas ao acaso. Muitos encontram nele figuras de cavaleiros, burros, até figuras da Star Wars! Vamos viajar!!!



segunda-feira, 13 de julho de 2009

Casal


Um casal estranho surge copulando com as formas e linhas que se encontram, se chocam, se acasalam, se fundem, se separam

Manequins


Expressionismo das figuras, tons escuros avermelhados, manequins sem braços, um mundo estranho surgem das manchas. Depois de passado o impulso devastador de esquartejar formas e cores buscamos referencias no nosso mundo inconsciente. As vezes é estranho criar!

Bizarro


Tem fases esquisitas: bizarras, escatologicas, surreais.....etc. Muito depois descobrimos as razões que estão por trás. Percebam um rato que saiu ao acaso na parte de cima do quadro!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Desta fase, postada abaixo, recebi este comentário do Pedro Manuel (1978)

“Miguel Angelo Barbosa”.
A imagem reconstruída como um símbolo
Para quem olhar pela primeira vez a obra de Miguel Ângelo Barbosa, bem provavelmente a impressão resultante será a de um moço à procura de seu caminho, influenciado pelo estilo de vários artistas, entrosados com as poéticas expressionista, fauvista, e principalmente cubista. Klee, Chagall, Modigliani e Picasso são os inspiradores evidentes desta procura realizada numa seqüência fecunda de trabalhos.
Entretanto um contacto maior com seus quadros revela algo de diferente. Mais do que o reflexo da obra dos grandes sobre sua pintura, (que indiscutivelmente existe), assistimos à expressão conduzida por instancias presentes nas personalidades de Klee e Chagall.
Estes artistas, embora inspirados por aspectos mágicos e simbólicos da vida, não desprezam soluções cubistas. Apenas estas soluções nascem mais da necessidade de elaborar e coordenar metáforas sem a seqüência espacial exigida pelos sentidos no espaço euclidiano. Em outras palavras, pela necessidade de apresentar imagens que não se relacionam numa seqüência de espaço e de tempo igual a que somos acostumados a experimentar. E dado que o cubismo nasce da exigência de representar, de uma vez, mais experiências, diferente exigências, como a de Klee e a de Picasso, por exemplo leva a manifestações formais parecidas. Assim a procura de coordenar metáforas ou imagens diferentes numa mesma composição, aproxima a pintura de Miguel Angelo Barbosa ora a de Picasso, ora a de Klee ou a de Chagall. Este é o fio condutor que se esconde debaixo das varias manifestações.
Mais do que um moço à procura de uma linguagem, entre as oferecidas pelas poéticas do começo do século, estamos diante de uma linguagem que, correspondendo à uma necessidade interior, está à procura de uma organização espacial adequada, e nesta elaboração assume formas diferentes, sofrendo interferências, mas penetrando no centro do problema.
As variações em sua pintura não nascem de uma experiência externa e dispersiva, mas surgem dos desvios naturais num artista que persegue o encontro do mundo com a própria subjetividade. Daí decorrer que quanto mais subjetivos melhores são os quadros de MIGUEL ANGELO BARBOSA.
Pedro Manuel

Eram cinco


Esse é o segundo trabalho de uma série de cinco, com o tema da mulher despindo-se. Gostaria de saber o paradeiros das demais, só fiquei com este. Creio que foi a unica classificação em um SARP-Salão de Arte de Ribeirão Preto, de cinco obras de um mesmo participante.

Jogo de opostos


Antagonismos ponta a ponta:
da horizontal a vertical
do sorriso a tristeza
do alaranjado ao violeta (cores opostas, complementares)
do fundo avermelhado ao primeiro plano (mesa) verde (complementar)
do claro ao escuro

terça-feira, 7 de julho de 2009

Rimbaut


Rimbaut
Não o frances, o nosso amigo.
Quando jovem andava pelas ruas de violão a tiracolo, sempre apaixonado e nas decepções caia na cachaça, as vezes atravessavamos as madrugada.
Por onde andas?

O Filicidio


Prédios, multidões, miséria, fome, ignorância...
Tudo muito assustador!
A vida sem valor.
Chegamos ao fim??!
Frieza, indiferença, banalização da vida.
Podemos fabricar mais uma criança...
É fácil fazer.
Qualquer problema se não der certo jogamos fora.
Não há outra saída,
As portas se abrem para lugares nenhum.
O espetáculo vai começar!
- Respeitável publico!
- Lá vai mais um...
...mais um,
Mais um condenado ao nada....!!!!!

Miguel Angelo Barbosa

Obs:
1- Só sobrou essa foto branco e preto, (1973), deste quadro.
2- Tema atual, há uns tres anos atrás (2006 + ou -) aconteceu isso no córrego do Retiro em Ribeirão Preto. Uma mãe jogou seu filho no córrego, embrulhado em um plástico.

Mãe...Florista

Os olhos contemplando longe. Além de meus ombros. Quem sabe o meu futuro... Quem sabe me imaginando hoje. Feliz por poucas e pequenas coisas. Também...! Amante da Natureza! Conhecedora da essência da vida. Sabia que o muito Não é nada, só é o, literalmente essencial. Artista do meu jardim existencial, me deu luz e me criou para toda eternidade. Oito botões que se abriram sete, os quais cultivavas como um lindo ramalhete de flores que ganhara do namorado em prova de todo amor. Quando criavas seus ornamentos florais com amor, carinho, trabalho e empolgação, me sentia como um deles em suas mãos de florista.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pinga, Pinga, Pinga!

Invertitudo...
Como...?
O corpo bêbado e a garrafa vazia
É tão calma a noite...
Como?
Pinga !Pinga! Pinga!
Não é a bebida!
É o barulho do revolver de "faz de conta"
disparando na noite escura da praça.
O dedão é o gatilho.
Mas as mãos...?
Eram grandes...de artista!
Que obedeciam ao sensível bêbado Pinga-Pinga.
Voz grossa de negão de jazz:
-O, o, o, dá um papel aí.
-Pé-péra um pouco aí...
-Toma aí...
-Retrato ¾ ah,ah,ah, ah,ah!!1
Pa-pa-paga uma pinga aí!

Obs: 
Quem se lembra do Pinga-Pinga que sempre estava ali pelas paragens da Hedonê e Lanchorama? 
Era uma figura impar, que fazia caricaturas com muita facilidade. As vezes em troca pedia só pra pagar uma pinga.

Obra: "Pinga, pinga"- 1976 - Miguel Angelo
Técnica: pirogravura sobre madeira com betume e tinta a óleo
Miguel Angelo Barbosa

Pano de fundo

Olhem aqui da janela o mundo lá fora! Que lugar é esse? Eu não o pintaria assim. Ouçam que estranho o que os mais velhos estão dizendo. Guerras, destruição da natureza, conflitos religiosos. O mundo parece um lugar estranho. Quanto concreto! Noticia ruins todo o tempo! Muita gente desatinada! Senta aí, menina, Vou te contar histórias de abismo! Onde vive um poeta cercado Por pedras e pessoas frias, de concreto. Indiferentes. A morte de pano de fundo. Mas o sol nasce todos os dias Irmãos, vamos orar, amém! Oras! Miguel Angelo Barbosa Obs: Do sobrado da Floriano Peixoto avistava-se predios, telhados, ruas distantes, igrejas e o ceu

Sabor de noite azul - Fase Azul da Prussia


Um gosto de sol 

Alguém que vi de passagem
Numa cidade estrangeira
Lembrou os sonhos que eu tinha
E esqueci sobre a mesa
Como uma pera se esquece
Dormindo numa fruteira

...
Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Quando nos amavamos... - Fase azul da Prussia


Companhia de poetas, seresteiros, boêmios, saltimbancos,

Sem destinos.

Primeiros amores,

Viagens longínquas,

Mochila nas costas.

Signo montanhês,

Buscando a mágica poesia existencial em tintas e telas.

Romântico, introvertido, subjetivo,

Difícil de ser entendido.

Palavras lentas, pensadas, divagadas.

O sol, a lua.

A lua como sol na noite.

A vida é bela,

Melhor ainda com o ar triste.

Nostálgico.

Lembranças remotas de um tempo remoto


Miguel Angelo Barbosa

Ao brilho de luar - Fase Azul da Prussia

O assunto é transcendental,

A noite avança e o vinho torna mágica cada palavra,

Cada expressão do semblante,

Cada brilho do olhar, cintilante,

Cada lampejo de luz do luar.

-Qual é a cor da noite?

-Oras, a noite é azul!

-Azul?

-Sim, azul escuro.

Abra o tubo

 E derrame a noite da Prússia sobre o fundo ao luar.

Aí é só contrastar:

As faces a brilhar com o quarto crescente a emoldurar. 

Miguel Angelo Barbosa

domingo, 5 de julho de 2009

Por que restaurar?

A experiencia de restaurar obras de outros artistas faz com que nossa percepção como artista perceba a alma do material que utilizamos. Como ele se comporta ao longo dos anos, dá-nos nova perspectiva na execução de uma nova obra, mudando sobremaneira algumas tecnicas e utilização desses materiais. Passamos a perceber com mais acuidade os limites e novas possibilidades das misturas, combinações, diluições, transparencias, densidades, pureza dos pigmentos, etc. Melhorando muito nossa tecnica pictorica.
Miguel Angelo Barbosa

Restauração de quadros




























Quando remove a sujeira de anos se descobre as cores originais!
Observem o primeiro patinho falta um pedaço!

Restauração de quadros


Chegam rasgadas, muita poeira e saem higienizadas, restaurada, verniz de proteção