Como Fidias,
Policleto, Praxíteles e demais artistas do período clássico da Grécia antiga, poderiam
imaginar que o ideal de beleza criado através de cânones, e levado a termo
através de suas obras, sendo seguidos por séculos a frente pelos artistas,
pudesse cair num retrocesso formal, no caso da arte bizantina? Ao contrario da
Arte clássica que buscava o Belo ideal através da proporção áurea
meticulosamente colocada em suas esculturas de deuses olímpicos, na arte
bizantina era vergonhoso e condenável a exposição do corpo, o fazer artístico deveria
somente servir aos desígnios religiosos.
Por
sua vez, como poderiam imaginar os artistas góticos? os quais, faziam seus
santos icônicos de fundo dourados, que logo em seguida seria abandonado a
religiosidade cega e essa forma de fazer arte e surgiriam artistas que poriam
em pratica sentimento de humanidade? Criando cenas apocalípticas do juízo final
dentro de uma capela ou uma Sant’anna a Virgem e o Menino em meio a um ambiente
de natureza
Por
séculos só foi aceito a arte naturalística, podendo ser neoclássica, romântica,
realista, etc, desde que prevalecesse preceitos técnicos e formais da
consolidação da imposição de normas das academias de pintura. De repente surgiu
o espirito de insubordinação às regras acadêmicas no final do século XIX. Alterando radicalmente a percepção, a ideia,
o fazer, o pensar, o sentir em relação a obra de arte. O processo de criação
muda completamente, criando vertentes diferentes, mas que conversam entre si, alongando-se
por umas cinco décadas, o que foi chamado de vanguardas modernas. Quanta
mudança!!!! A forma, as cores, a criação, não seguem mais orientações ditadas
pelas academias de pintura. O artista recria o mundo através de sua percepção e
sentimento do mundo, sendo os objetos de expressão artísticas movidos pelo seu
próprio impulso criativo, instintivo, em relação a eles. Basta imaginar a
maneira de colocar a cor numa obra fauvista, ou a forma numa obra cubista, etc.
algo totalmente inimaginável até então.
A cada mudança
uma crítica e intolerância acentuada em relação ao novo e depois de
estabelecido este novo, a crítica e intolerância em relação a arte anterior.
Para simplificar o entendimento: o velho não aceita o novo e o novo não tolera
mais o antigo.
O pôs guerra,
(1945) as novas teorias, as novas tecnologias, sopraram novamente um vento
louco na criatividade humana. No período ainda da arte moderna surgem os
precursores do que viria pela frente, os dadaístas e Duchamp plantas as
sementes de uma nova libertação da arte, o que podemos chamar de pós-moderno. A ideia do pôs moderno era acabar com os
muros, onde as manifestações artísticas pudessem se interpenetrar entre os
vários estilos e ainda locando as novas multimídias e tecnologias, acabando até
mesmo com a discriminação que os artistas modernos tinha do passado. Portanto,
como sempre, cai sempre nos mesmos protecionismos se auto nomeando contemporâneo,
para que fiquem para sempre, ad eternum. Chegando no momento atual de
banalização da criação artística (vamos lembrar da banana, e da fortuna...)
fazendo a arte cooperada da lavagem de dinheiro de grandes fortunas ilícitas.
Não estando mais nas intenções dos artistas “contemporâneos” a interlocução com
poéticas visuais, caindo assim num vazio de repetição de formulas.
O que
poderemos imaginar como arte no futuro?
O que seria
chamado de Arte em breve?
Que tipo de
manifestação humana seria aceita como Arte
Em tempos
recentes depositamos todo o passado, a cultura, o conhecimento na tal da IA
(Inteligência Artificial). É só pedir que ela faz tudo para nós. Que ser humano
sobrará para cada um? Onde seu conhecimento, percepção, sentimento, sabedoria,
sensibilidade, fica tudo por conta de um aparelhinho na palma da mão. Criando
por nós, imaginando por nós, governando nossas vidas, pois tem muitos que
seguem tudo que determinado grupo do WhatsApp fala, voltando assim ao estado
tribal primitivo.
Que tipo de
ser humano ainda terá sensibilidade para olhar o mundo como um artista?
reconstruindo novos significados através de imagens, sons, escritos etc. E são
exatamente os novos significados criados que fazem o ser humano e o mundo a sua
volta se recriar e em consequência evoluir.
Com o advento
da IA essa flexão que a arte faz, permanentemente, neste mundo humano, seremos
mais preguiçosos para o novo? Para o inédito?
Teremos fim da
Arte? Assim como foi já decretado o fim da História?
Ou acelerará o
processo criativo para os artistas? Como será?
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