O titulo desta minha obra acima versa sobre um mal que atinge todos nós nesses tempos. Transtorno de Déficit de Atenção aflige a muitos jovens de várias partes do mundo e passo a perceber que a esta como pano de fundo em grande parte das pessoas que interagimos no nosso dia a dia. Sendo o celular um fomentador da desatenção com a realidade.
Representei isso através de linhas nervosas que se direcionam para todos os lados da tela. Entremeado às linhas há vários olhos em variados tamanhos, que foram colocados para caracterizar esse olhar contemporâneo que não se fixa e não se concentra em nada, mas querem ver tudo o tempo todo, superficialmente apenas. Sem nenhum propósito, sem alimentar o espirito ou sequer a razão. Não conseguindo expressão de sentimentos. Restando apenas reflexos condicionados adestrados por uma máquina eletronica criada pela tecnologia da dominação.
Mas o propósito desse texto não é falar sobre o que essa obra propõe no campo do anedótico. Mas até o inverso disso ou seja sobre o fazer artístico.
Então vamos lá
Procuro mentalizar e ficar num determinado estado de espirito de busca de perfeição quando vou iniciar uma nova obra, isto é, com o sentimento próximo a de um ourives quando esta com uma pedra bruta em mãos, sabendo que tem uma riqueza a ser descortinada e com seu trabalho transformará aquela riqueza, que também esta dentro de si, em algo único e de muito valor. Lapidando face por face, cada milímetro com cuidados extremos, sem poder errar, transformando-a enfim em um lindo tesouro. O qual provocará, quando exposto, o sentimento de encantamento nas pessoas.
Portanto quando falo em lapidar, não estou falando só em elaboração manual, ou seja, na parte artesanal do trabalho, mas na elaboração que dá forma ao pensamento. Onde cada linha, cada angulo, cada forma, cada cor, por menor que seja sua posição no quadro, é elaborado até ao máximo do limite da (minha) perfeição.
O que é essa perfeição?
Penso ser um estado espirito. Voce elabora com suas mão até ao ponto que vem em você um sentimento que sua mente se limpa das imagens e pensamentos do dia a dia existencial e entra num estado de nirvana. Que é o momento onde cada pedacinho que vc fez passa a criar um sentido. Criar sentido não é o mesmo que ter sentido. Pois é essa a grande diferença. As linhas traçadas, as cores e formas começam, em determinado momento da criação da obra, a criar sentido com seu estado de espirito, com suas emoções e sentimentos do momento presente existencial. Ter sentido seria outra coisa, seria premediatar cada conteúdo plástico ali colocado para fazer sentido.
Pra finalizar. Pintar uma obra é meditar com as mãos. É modelar o próprio espirito. É criar um tesouro pra si mesmo e para quem quiser admirar. É buscar a perfeição, e quando encontrar, acabou a obra, mas fica o registro para todos.
Namastê.
MIGUEL AI/IGELO
Perfeito..acrescento ainda que pintar é materializar o estado de espírito.
ResponderExcluirÉ envolver a alma numa explosão de sentimentos...