Acessem link abaixo, entrevista à reporter Vanessa Maranha do Jornal Comércio de Franca do dia 16 de abril: http://www.comerciodafranca.com.br/materia.jpg.php?id=55415
Artes
Sexta-feira, 16 de abril de 2010
Desígnios
Veja como esta matéria ficou no jornal
VERSÁTIL - As obras do artista plástico Miguel Ângelo Barbosa, que está sempre aberto à experimentação de novas técnicas e estilos...buscam comunicar basicamente impressões e expressões
Vanessa Maranha
Especial para o Comércio
O artista plástico Miguel Ângelo Barbosa inaugura amanhã, às 20 horas, a exposição Desígnios, no Laboratório das Artes, em Franca. No mesmo período abre também a mostra Resiliências na escola Bauhaus, em Ribeirão Preto. Autor de trabalhos impactantes, com tendências aparentes para o geométrico, no “limite do cartum”, digno de mestre, diga-se, às vezes perpassando o rupestre, Miguel Ângelo, cujo nome se refere a Miguelópolis, sua cidade natal, já foi adjetivado por alguns críticos de arte como imaginativo, contemporâneo e original, aquele que “reconstrói a imagem em símbolo”.
O artista explica que sua obra atualmente busca comunicar basicamente “impressões e expressões” e que, na sua “hora solitária” diante de uma tela em branco, os “paradigmas pictóricos” lhe aparecem como irresistíveis chamados.
Aberto à experimentação de novas técnicas e estilos, ele conta que hoje, ainda mais, pela abundância de materiais, os artistas podem ser um pouco alquimistas. “Quanto às técnicas em relação à pintura, creio que já me aprofundei em todas, não tem o que caia na minha mão e que eu não consiga desvendar. São desafios que vão surgindo. Existe uma pincelada dos pintores cubistas, Bracque e Picasso, do período analítico, aliás, creio que foi a maneira de pincelar que levou ao resultado analítico, que demorei vinte anos pesquisando, mas achei o truque”, afirma. “Na História da Arte há tantas sutilezas a serem descobertas ainda. Muitos artistas inventaram certas técnicas e guardaram-nas só para si. E às vezes a gente tropeça com isso no desenvolvimento de uma obra”, completa o artista.
Sua experimentação, no entanto, não aparece desarticulada, na visão geral de seus quadros, de seu estilo muito bem definido. O que se verá, nessa exposição, é o traço firme do artista maduro sempre contemporâneo. Leia abaixo entrevista com Miguel Ângelo Barbosa.
Comércio da Franca - Você recebeu convites para abrir exposições simultâneas em Franca e Ribeirão Preto, nesse mês de abril. Há um eixo temático para cada uma delas?
Miguel Ângelo - Num primeiro momento pensei em adiar uma delas. Fiz então um levantamento dos trabalhos recentes e vi que dava para montar as duas. O eixo temático foi fruto de feedback. Dar um nome a uma mostra faz da mostra como um todo mais uma obra, pois o tema atribuído mexe com a imaginação das pessoas. E arte é essencialmente isto, trabalhar com a imaginação individual e coletiva. O resultado de uma exposição é ouvir o que as pessoas sentiram e entenderam com a emoção e, por que não, com a razão. Essas coisas que dizem ficam na gente para sempre e impregnam nosso processo criativo, mostrando novos nortes.
CF - Por quais técnicas você passeia e com quais está mais identificado hoje?
Miguel Ângelo - Estou gostando muito do desenho, de novo, há períodos assim: eles surgem nas mudanças. Em 1991 e 1977 tive esse mesmo surto com os desenhos, daí houve uma modificação estilística formidável na minha pintura. Estou me contagiando também por situações da arte contemporânea, que tem umas sacadas legais. Aliás, muito do que se diz de arte contemporânea, já tem quase 100 anos. Estou gostando da liberdade, mas ao mesmo tempo, estranho a perda de estilo e estética, pois o que vale é o conceitual, a idéia. Estou tentando remendar esses dois lados, mas nunca por seguir modismos, aliás, abomino essa idéia.
CF - O que a sua obra artística pretende comunicar?
Miguel Ângelo - A atual são instantâneos, tanto de dentro para fora como de fora para dentro, impressões e expressões. Ora de uma maneira ora de outra. Tenho impressão que as vezes fico no limite do cartum, não chega a ser o cartum, mas o traço e a cena às vezes respiram isso. Arte sempre foi uma grande forma de me divertir. Muitas vezes acabo um trabalho e rio por dentro. Imagino o nome, que geralmente ajuda o espectador a se direcionar à minha intenção, que pode ser uma ironia, uma gozação ou o vislumbre de algo por trás que faz pensar. Mas, na verdade tudo é intuitivo, não intencional, somente tornando-se intencional quando a obra está pronta.
CF - Quais são os artistas e movimentos que influenciaram o seu percurso artístico? O cubismo me pareceu relevante nessa reunião de telas...
Miguel Ângelo - Nem eu sei explicar por que gosto tanto da geometrização, da estilização da figura. Acho que está enraizado em mim. E não é por não saber fazer diferente. Nas aulas no meu ateliê, ensino todos os estilos. Desde o claro-escuro “rembrandtiano”, até o impressionismo, expressionismo, fauvismo, surrealismo, paisagem, retrato, abstrato... exatamente tudo o que se possa se pensar em matéria de estilo, mas quando é a minha hora solitária, lá estou eu com meus paradigmas pictóricos de sempre. Os artistas que devoro com os olhos são: Klee, Max Ernst, Léger, Rauschenberg, Chagall, Bracque, um pouco de Picasso, Escher, Boccionni, Rembrandt e Leonardo DaVinci. Puxa! Quase que gosto de tudo! Os primeiros estão ligados de certa maneira pelo cubismo e o abstracionismo. As técnicas de Rembrandt e Leonardo me seduzem.
CF - Quem lhe chama a atenção hoje no contemporâneo?
Miguel Ângelo - Tem muita porcaria e artista fabricados por curadores, mas gosto muito de Vick Muniz que tem percurso e consistência no trabalho, sendo de fato inovador. Mas também tem muita coisa boa, que não dá para ter é uma Bienal do Vazio.
CF - Defina arte.
Miguel Ângelo - Vida humana gera arte, é automático.
CF - Sua relação com Atalie Rodrigues Alves e Mauro Ferreira, os fundadores do Laboratório das Artes, vem de longa data...
Miguel Ângelo - A Atalie e o Mauro são pessoas que admiro muito, pelo carinho e seriedade com que levam a arte em Franca. Esclarecidos, sensíveis e conhecedores, aliás, o espaço criado por eles é a prova do que estou falando. A Atalie foi quem me convidou para minha primeira exposição em Franca.
CF - Já dá para viver de arte? Seus quadros estarão à venda em Franca?
Miguel Ângelo - Não dá para viver sem arte. Os quadros estarão à venda.
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É bom ler uma entrevista de um artista que é estudioso das artes, que conhece sua história e, principalmente, que se preocupa em se aprimorar cada vez mais e evoluir, a partir da contribuição de expoentes que o precederam.
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