quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

CLICK



Ninguém poderia imaginar naquele momento do clic, posando para esta foto, a extensão da vida. Nem era para estar, pois estava sendo vivida. Mas eu agora depois de mais ou menos uns 43, 44 anos que estou aqui de frente dela tentando desenhar cada uma das figuras, num exercício cerebral para decorar as feições e expressões facias, buscando captar cada traço, cada sombra, cada volume, com meu lápis. Fico pensando então em cada um a medida que vou riscando o papel:
Ao fazer o bigode escovinha e os óculos de meu pai, bem ao centro da foto, tentando encaixar o sorriso que estava na foto, fiquei imaginando quanto feliz era com essa sua família, apesar de todos os sofrimentos; a Léia, minha cunhada, logo ao seu lado, esta lá, mocinha ainda, sorridente, com seu cabelo amarrado, a vida, talvez, parecia-lhe boa ali ao nosso lado; a minha mãe logo em seguida a ela indo para a direita, com um sorriso altivo e o olhar confiante em todos; meu irmão David, logo abaixo do meu pai, ao meu lado, com seu sorriso matreiro de moleque danado que maliciava rápido as coisas, diferente de mim, que estou à direita em baixo, pareço com o olhar benevolente e singelo; a esquerda de meu pai esta minha irmã Marta com seu ar responsável e um sorriso um pouco nervoso; e por fim minha irmã Maria, meninona ainda com um sorriso tímido, mas sincero de alguém que nesse momento sorri para dentro também.
A porta de vidro aberta atrás de nós, entrada da casa onde ficaram tantas recordações de um tempo que se foi. Deixando a lembrança carinhosa da minha infância. Se não fosse o clic que registrou essa imagem, roubando assim, um lapso de segundo do passado para entregar-nos no presente. 
A imaginação sem a imagem, desse tempo, guardada na memória, seria só de vultos quase apagados, sombrios, distantes. Com o auxilio de um lápis tento trazê-lo de volta, resgatando um pouquinho ao desenhar, a alegria daquele raio de sol que nos cingia num dia de céu muito azul, escritos nos brilhos de nossas faces de então.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sistema Lunar

Que haverá com alua que sempre que a gente a olha é com o súbito espanto da primeira vez
Mario Quintana


Arcos
Crescentes
Cheios
Minguantes
Face oculta
Claros escuros
Quietude
Mistérios
Energias adormecidas
Voos noturnos
Intuição
Sonhos
Mulher

sábado, 21 de novembro de 2009

Atalie Rodrigues Alves - Franca

Obras de Atalie Rodrigues Alves - do Laboratório das Artes em Franca. São aquarelas de um virtuosismo técnico sem igual, com uso de cores em harmonia e abundância.







LABORATÓRIO DAS ARTES - FRANCA

Estiveram no ateliê a artista plástica Atalie Rodrigues Alves e o arquiteto e escritor Mauro Ferreira, do Laboratório das Artes de Franca. Conversamos bastante e fiquei impressionado com o idealismo e obstinação desses artistas, como também, suas realizações, não tem nada que lembre certos grupos de Ribeirão. O Laboratório de Arte funciona quase como uma confraria de pessoas que respeitam e levam a Arte e o Artista a sério . As exposições, as apresentações, a formação de um acervo e o cuidado com o mesmo, o carinho e a seriedade que cuidam do espaço, sem estrelismos ou ego, é puro amor a arte, e diga-se de passagem sem precisar ficar de joelhos para o poder publico, pura iniciativa de seus membros. Convidaram-nos para visitá-los. Estaremos lá em breve.

Entre no Site e verifiquem por sí:

http://www.laboratoriodasartes.com.br/

sábado, 14 de novembro de 2009

SOB PRESSÃO – por Miguel Angelo Barbosa

Copyright by Miguel Angelo Barbosa
Dosagem mensal
Dosagem semanal
Retratos da vida contemporânea, onde o tempo, espaço e modus vivendi ficam comprimidos.
Comprimidos para aliviar a pressão, arterial (alta). Fabricados sob pressão das máquinas. Retirados sob pressão dos dedos. E para despressurizar um pouco Uma brincadeira sob pressão. Uma carinha oprimida para cada dia Do remédio de pressão. Não precisa ficar em depressão É só para descontração Artes em exibição. Observação: (É poesia?) (Não sei não!)
Obs2:
Carinhas modeladas nos bojos de meu remédio de pressão (Micardis) depois de retirados e ingeridos diariamente.
Obs 3:
Em exposição na Escola Bauhaus - Ribeirão Preto - SP
Copyright by Miguel Angelo Barbosa

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Música ao longe


Não há nenhuma referência a instumentos e notas musicais. Mas depois que terminei fiquei olhando, olhando...na verdade não via nada, ouvia, sim, uma música ao longe que vinha do interior do quadro.

Pictures at an Exhibition

 

Quadros de uma exposição, o titulo em inglês homenageia a banda inglesa Emerson, Lake and Palmer, que por sua vez fez uma releitura, (em música releitura é arranjo, né?) de uma suite em dez movimentos do compositor russo Mussorgsky. Tem algo de mágico e misterioso nas música. No quadro? pode ser...Talvez alguma Baba Yaga passou pelo ateliê na hora.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Torso Rosso


Antigas epopéias, deusas derrubadas dos pedestais, comemoração de vitórias, terror das derrotas, sonhos de amor

Torso nú


Do frio ao quente, caminhando, seguindo. 
Abstrações tatuadas na tela.

Exposição Jardim Contemporâneo



Bela galeria, tão bem registrada na minha exposição pelas lentes "olho de peixe" de Fábio Martins. Como pode acabar uma galeria tão bonita como essa em Ribeirão Preto?

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Perfil de Beduino

Outro perfil de um muçulmano, voltado para o oriente

Perfil duplo - "Dois velhos bem modernos"


Parece um monte de borrão, não é? Olhe melhor, separe duas figuras, duas caras de perfil, dois anciões, numa pintura muito moderna! Ah! Ah! Ah! - "Dois velhos bem modernos"

domingo, 20 de setembro de 2009

Perfil observando a natureza abstrata do universo


Um perfil feminino no canto inferior esquerdo, mas quase que se decompõe com as formas abstratas que a figura parece contemplar.
Sugestão: procurem a contemplação do quadro como a figura-perfil o faz, entre na onda e caia na abstração
Obra terminada há uns sete anos. Texturas e tintas fabricadas no meu ateliê. Volta e meia retorna a tentação Vermelho e Negra
Não deixe de ampliar!

Perfil de Espantalho


Esse espantalho foi fustigado pelo vento, pelo sol, pelos pássaros. Será que estava sentindo-me assim quando pintei? Na verdade não quis pintar nenhuma figura conhecida, a preocupação foi só plástica. Mas para quem gosta de ver alguma coisa conhecida no quadro...bom proveito! mas não deixe de ver os detalhes esquecendo um pouco o todo. Em cada detalhe novos universos. Para isto, amplie!
Já estava saindo da fase Vermelho e Negro

sábado, 19 de setembro de 2009

Perfil desconhecido


Cobras e largatos saem desta cabeça. Tem um pouco de textura em algumas partes. Reparem na serpente saindo do topete. Talvez seja alguém da família da Medusa. Essa obra devo ter feito em 2002

Perfil desconhecido


Um nariz avantajado, mas não é o meu.
Essa pintura fiz há uns dez anos atrás

Perfil de guri


Remexendo as fotos de minhas pinturas encontro vários perfis de rostos. Alguns estranhos, outros feios e ainda alguns plasticamente agradáveis.
Acima um "pixote". Durante toda a execução do trabalho a preocupação foi da composição plástica, abstrata, mas ao finalizar insurge um rosto referência-realidade.


Adicionar imagem

Nú, sentando-se


O nome do quadro parodia o "Nú descendo a escada" de Marcel Duchamp. Ainda de uma fase que usava cores com predominância de vermelha e tons muitos escuros.
Observem, ampliando a imagem, a pintura sugere a figuras de três mulheres vistas pelas costas. A repetição de linhas e formas em três fases horizontais e em ritmo descendente na vertical. Ao mesmo tempo são três figuras ou uma só em três posições descendentes criando a ilusao de movimento.

Trabalhos misteriosos - fora de series


Complicações técnicas à parte, esse trabalho é uma encáustica, onde boa parte da obra foi feita com uma ponta seca e muito calor da cera pigmetada derretida, sobrou uma "Figura em busca de um chapéu", aliás é esse o nome desta obra.
Tentem achar a figura e o chapéu, se não acharem continuem procurando, eu também tive dificuldades, mas foi o caminho da ilusão e devaneio que encontrei na perseguição de uma forma. Na verdade é uma bobagem buscar algum referencial-realidade, melhor é contemplar as faturas , as linhas, o tracejamento, a composição de cores e formas. A Arte só dá prazer sob qualquer ângulo que invista seu potencial sensitivo
Ampliem para perceber melhor

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Processo criativo de Sebastião Stabille


Quero registrar aqui o processo criativo de Sebastião Stabille.
Através de suas criações consegue passar sua forma de pensar sobre as coisas. O cotidiano, os acontecimentos do mundo, as angustias do ser humano, como também não deixam de ser as suas angustias, atingem seus canais sensiveis de cidadão comum, sempre em estado de alerta para perceber as violencias da vida contemporânea. Seu pensamento funciona como um crivo por onde passa suas concepções critica do mundo, as quais adquirem formas em imagens simbólicas que nos fazem pensar. O cenário das pinturas as vezes pode parecer absurdo e surrealista, mas é o proprio absurdo das relações humanas numa sociedade cada vez mais alienada e doente.
A primeira obra acima registra as duas infâncias, uma da realidade norte-americana e a outra a da miséria dos países que os gringos invadem. Uma carrega esporte, saúde, etc, a outra uma granada para se defender. E no ponto mais alto da rampa um prédio sendo explodido por um avião. Façam suas próprias deduções.
O segundo trabalho mostra uma lingua ferina (literalmente) e o retorno (feedback) em forma de uma víbora. Nada absurdo, vemos isso todos os dias. Lei da causa e efeito.
O terceiro tem um casal atado pela vida (a convivência nos faz xipófagos) mas com os elos rompidos pela maneira de ser (na cabeça). Cada qual direciona seu olhar para ângulos diferentes.
É só realismo ou é surrealismo?

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ainda década de 80

Garrafas coloridas e Café da manhã

Ainda imagens de mesa muito coloridas e geométricas
mas um geometrismo simplificador, onde a figura é planificada pelas cores puras


Casal e Cego - Vendedor de bilhetes
Obs : Pena que as fotos pegaram brilho do flash! Mas são as únicas que tenho, os quadros não anotei quem adquiriu-os

Posso publicar? Cléo Reis - ALARP

Miguel,
Acho você um dos grandes artistas do mundo. A combinação das cores- mesmo usando cores mais fortes no conjunto ficam suaves- , o capricho dos traços parecem buscar sempre e infinitamente a perfeição...É um orgulho para a ALARP e para Ribeirão Preto que hoje recupera o título de Capital da Cultura- até por este dia resolvi enviar este singelo comentário- por ser você um dos pilares desta Cultura de nossa cidade,
Abraço e Paz
Cléo
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Em resposta a Cléo:
Teus olhos e tuas palavras faz o mundo ficar tão lindo!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

34º SARP - Hélio Martins

A participação de Hélio Martins no 34º SARP foi de excelência, onde com seis fotos cria uma obra que intitula-se "Auto-Retrato". O artista surge em seis situações diferentes, em cada uma delas passa-nos sentimento que se somam e nos tocam com profundidade. Não há necessidade de muitas explicações, as fotos dizem por sí. Genial!
Bravo Hélio!

Obs: Click nas fotos para ampliá-las

domingo, 30 de agosto de 2009

Lembrando período em Rondônia

Período dos anos 80 que morei em Rondônia. Onde havia extração de madeira a vontade, sem problemas ecológicos, ainda. Muita chuva, seis a sete meses por ano, região amazonica. Pretensa cidade, era ainda Projeto (Rolim de Moura), algumas ruas, muitos buracos, casas de madeira, matas virgens a perder de vista. A pintura continua, apesar das enormes dificuldades. Céu azul da Prussia, quarto crescente. Começando a vida numa casinha a beira chão, depois de sair de um apartamento no centrinho de Ribeirão.
Em tempo: O JEEP vendemos para o Valdir Raupp, o Valdir das Baterias, hoje senador pelo estado de Rondônia.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Anos 80 - Composições sobre a mesa

Obras dos anos 80

Nesse periodo havia uma geometrização ainda intuitiva mas já procurando um encaixe de todas as parte da composição, e quando há figura humana elas adquirem uma deformidade expressionista

terça-feira, 25 de agosto de 2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mural - A Cartola perdida do Mágico







A Cartola perdida do mágico. Esse era o tema de um mural pintado por mim no fundo da Choperia Corujão. Ano 77. Que foi apagado com tinta branca por cima, pois na mudança de donos do lugar acharam que chamaria muito a atenção. Realmente esse era o objetivo. Muitas pessoas passavam horas criando e fazendo sentido das imagens representadas nesse mural. 
Um cavalo na extremidade a direita que saia de seus olhos um foco de imagens que se projetavam para o espaço a sua frente; estradas, pombos, perfis de rostos, cálice, olho em forma de peixe voador, sol que diziam que eram uma hóstia, porque estava em cima do cálice, violão, montanhas com formato de um rosto humano, lua quarto crescente, torre de igreja com relógio, montanhas que recebiam a luz do sol avariadamente, ou seja, em cada uma delas a luz mudava de posição, como se para cada uma delas o sol estivesse em posição diferente; e num canto esquecida ou perdida uma cartola de um mágico. Tudo bem geometrizado e encaixado no espaço de forma planejada. Devia ter em torno de seis metros por dois, mais ou menos.
Ainda encontro pessoa que me perguntam o que foi feito daquele painel. Sobrou apenas esses fragmentos de fotos, que se unidas são complementares.
Nesse lugar criamos um Espaço Cultural improvisado, mas que expôs muita gente boa como John Howard, Norte-Americano que veio comigo de uma exposição em Araçatuba onde residia na época, depois de vagar por vários paises da America Latina, hoje é um dos maiores nomes do Grafitti em São Paulo, fez na época uma exposição inovadora nesse espaço, com materiais que colava no suporte tela, que na verdade eram caixas com vidro protetor, criando uma obra conceitual, na época nem se ouvia falar sobre isso. Seu nome hoje é louvado pela Itaú Cultural.
Outro artista também que esteve nesse espaço foi o saudoso J.J. Coimbra, artista primitivista de enorme valor.
Teve também até exposição de nossos grandes cartunistas;  Glauco, Pelicano e Washington.
Tempo bom com muitas horas de contemplação, arte, poesia e muuuuuita boemia! Viva!
Miguel Angelo Barbosa